
Por Victor Augusto
Juiz da Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarin comanda atualmente o Comitê Intersetorial de Políticas Municipais para a População em Situação de Rua, grupo criado para identificar moradores em situação de rua e criar as estratégias para encaminhamento e acolhimento.
O grupo é formado ainda pelo defensor público Júlio Tanone, por representantes das polícias Militar e Civil, da Guarda Municipal, comerciantes do Centro e representantes da Secretaria de Assistência Social e Saúde.
Graduado e mestre em Direito pela Unesp de Franca e graduado em História pela faculdade de Fernandópolis, Pelarin, que antes de se tornar juiz foi advogado em São Paulo e professor na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, em Paranaíba (MS), defende que o combate ao tráfico de drogas deve ser aliado ao tratamento dos dependentes químicos.
Como juiz de direito, “Dr. Pelarin”, como é conhecido, atuou nas comarcas de Estrela d'Oeste e Fernandópolis. Em Rio Preto desde 2015, é titular da Vara da Infância e Juventude da cidade, juiz coordenador do Departamento de Execuções Criminais da 8ª Região Administrativa de São Paulo e juiz dos Colégios Recursais das Circunscrições Judiciárias de Fernandópolis, Jales e Rio Preto.
Por sua atuação como juiz, recebeu diversos títulos de Cidadão Honorário de cidades da região, além da medalha “Brigadeiro Tobias de Aguiar”, da Polícia Militar. Pelarin começou a se tornar mais conhecido quando atuou em Fernandópolis. Por lá, tomou algumas decisões que chamaram a atenção da imprensa e foram replicadas em outras cidades.
Uma das mais impactantes foi o “Toque de Recolher”, apelido dado a uma decisão tomada em 2005. A medida impedia menores de Fernandópolis de permanecerem nas ruas entre 23h e 6h, sob pena de multa aos pais. Ficou em vigor por sete anos e inspirou 100 cidades a implantarem a mesma decisão. A intenção era inibir a delinquência juvenil e evitar que menores ficassem em situação de risco no período noturno em Fernandópolis.
À reportagem da É, Pelarin fala sobre política, justiça, tecnologia, Covid e planos para o futuro. “Não tenho nem nunca tive anseios políticos”.
"Não tenho esse desejo
(de ingressar na política).
Espero me aposentar na
minha profissão."
Evandro Pelarin,
Juiz da Vara da Infância
e Juventude de Rio Preto
Confira a entrevista:
É RIO PRETO - O senhor sempre quis ser juiz?
EVANDRO PELARIN - Não. Nunca sonhei com essa profissão. Aconteceu.
É RIO PRETO - Quais são os principais desafios de ocupar um cargo tão importante e que trata de assuntos tão sensíveis como as crianças e os adolescentes?
PELARIN - Exercitar a tolerância, a compreensão, manter a disposição, o otimismo. Nunca desanimar.
É RIO PRETO - O senhor ganhou destaque na imprensa quando determinou o Toque de Recolher em Fernandópolis. Fazendo uma reanálise dessa decisão, o senhor a tomaria novamente?
PELARIN - Era outra época. Outra cidade. Outros problemas. Para o tempo, aquele tempo, sim. Lembrando que decisão judicial não tem nome. Esse nome não fomos nós que demos.
É RIO PRETO - Com toda sua experiência, o senhor se considera um juiz mais conservador ou mais progressista?
PELARIN - Não entendo que cumprir a lei leve a rótulos políticos. E não cabe a mim me manifestar politicamente, pois a lei veda expressamente esse tipo de atuação para o juiz.
É RIO PRETO - O senhor tem anseios políticos? Pensa em se filiar a algum partido?
PELARIN - Não tenho e nunca tive esse tipo de desejo. Espero me aposentar na minha profissão, quando a lei assim autorizar. Depois, retomar a minha carreira de advogado. Esse é o meu plano para o futuro.
É RIO PRETO - Atualmente está lendo algum livro? E filmes, tem algum para recomendar para os nossos leitores?
PELARIN - Relendo “Crime e Castigo”, de F. Dostoiévski. De filme, indico “Gran Torino”, de Clint Eastwood.
É RIO PRETO - Tem alguma decisão que o senhor se arrepende de ter tomado?
PELARIN - Não dá tempo de pensar nas decisões tomadas. Todos os dias são centenas. Mas, claro, a gente erra sim. Ainda bem que existe o Tribunal para nos corrigir.
É RIO PRETO - Muitas pessoas consideram o judiciário lento ou pouco eficiente. Na vara que o senhor atua, são quantos processos analisados e pessoas atendidas diariamente?
PELARIN - Temos 2 mil processos na vara da Infância e Juventude de Rio Preto e sete mil processos na Vara de Execução criminal. A lei precisa ser aprimorada e diminuir a lentidão na tramitação dos processos. Atendemos, talvez, algo em torno de 50 pessoas diariamente em todos os setores da vara da infância.
É RIO PRETO - Com a digitalização dos processos, o trabalho tem sido mais eficiente?
PELARIN - Sim. Melhorou muito. Uma revolução.
É RIO PRETO - O senhor vê a tecnologia como uma aliada da justiça?
PELARIN - Sem dúvida. Esse é o caminho. Não há volta. Como as audiências à distância, on-line, que diminuíram custos e aumentaram a agilidade nos processos.
É RIO PRETO - Como o senhor analisa a situação atual do país com relação à proteção contra crianças e adolescentes?
PELARIN - Temos muito a melhorar, principalmente na educação e saúde. Escolas mais bonitas e professores mais bem remunerados. Esse é o meu sonho de cidadão, aliás.
"Temos muito a melhorar
na educação e saúde.
Escolas mais bonitas e
professores mais bem
remunerados. Esse é o
meu sonho de cidadão."
Evandro Pelarin,
Juiz da Vara da Infância
e Juventude de Rio Preto
Foto: Elton Rodrigues
ATACAREJO
Assaí Atacadista anuncia chegada a São José do Rio Preto
03/10/2022
Grupo Muffato anuncia quarta loja em Rio Preto
Super Muffato Damha será um investimento de mais de R$ 45 milhões
21/05/2020
Objeto de desejo
O sucesso da Madalê, gelateria que, desde a inauguração, registra filas de dobrar o quarteirão
14/12/2019
Hospital de Base inicia teste pago para o novo coronavírus
Laboratório HLab vai realizar testes particulares para a Covid-19
04/05/2020
Lojas de conveniência, instaladas no mesmo ambiente de postos, não poderão funcionar durante lockdown
Postos de combustíveis estão abastecendo apenas com declaração de atividade essencial ou de servidor público
17/03/2021