Rio Preto




Torre de Babel na cozinha


A É Rio Preto foi conhecer os chefs de diferentes sotaques fazem sucesso na culinária rio-pretense

 

Ashok veio da Índia, Alexis dos Estados Unidos, Raul da Argentina. Em comum, a cozinha como ofício e o amor por uma mulher. Mais precisamente por três rio-pretenses, Francisca, Fabiana e Fátima. Por elas, os três trocaram sua terra natal por Rio Preto, onde se estabeleceram como chefs de alguns dos restaurantes mais badalados da cidade.

A barreira do idioma não foi empecilho para que se destacassem em solo rio-pretense. O desafio de aprender outra língua foi vencido com ajuda da família e colegas de trabalho. Hoje, eles se expressam bem em português, mas ainda conservam o sotaque típico de seus países de origem.

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Chef do L’Osteria, o indiano Ashok Kumar Korapati está na cidade há dez anos. Natural de Hyderabad, cidade do sul da Índia, estudou gastronomia em seu país e passou por várias redes hoteleiras até decidir se aventurar em cruzeiros internacionais.

“Foram cinco anos nesse projeto, passamos por vários países, conheci várias cozinhas, pratos e temperos diferentes que ajudaram a consolidar minha formação”, conta. Foi num desses cruzeiros que ele conheceu a mulher, a rio-pretense Francisca Ferreira da Silva, que trabalhava como garçonete no transatlântico. “Chegamos a morar na Índia, com minha família, mas depois resolvemos vir para o Brasil, tentar a vida aqui.”

Em Rio Preto, o chef indiano trabalhou primeiramente no bistrô Flor de Sal, que pertencia a um grupo de empresários. Após alguns anos, na divisão dos negócios, nasceria o L’Osteria, restaurante italiano especializado em comida mediterrânea.

Dono de um estilo singular e um tempero único, foi responsável por trazer a Rio Preto o melhor da comida europeia, de forma sofisticada. Toda produção é feita na casa - do pãozinho servido como couvert à massa fresca que compõe pratos como o Penne com Gamberi, que traz camarões salteados ao molho de tomates ao sugo e um toque sutil de manjericão. “A proposta da casa é oferecer aos clientes uma experiência única em pratos que harmonizam cortes nobres com melhores rótulos de vinhos”, explica o chef.

Hoje, Ashok se divide entre as duas casas do grupo, a de Rio Preto e a mais nova, inaugurada há sete meses em São Carlos (SP). “Passo uma semana em cada cidade, tenho duas equipes ótimas que trabalham em sincronia.”

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O legítimo barbecue

Filho de pai porto-riquenho e mãe venezuelana, o chef norte-americano Alexis Valderrama mas nasceu e foi criado em Los Angeles e chegou a Rio Preto há seis anos, após trabalhar em vários restaurantes na Califórnia. Apaixonado por gastronomia, estudou na Le Cordon Bleu College of Culinary Arts, de Pasadena.

“Conheci minha ex-mulher e resolvi vir para o Brasil com ela. O casamento não deu certo, mas tivemos um filho que é nossa vida”, conta. Em Rio Preto, começou na cozinha do Flor de Sal Bistrô, onde conheceu o hoje amigo Ashok Korapati. Após três anos no restaurante, achou que era hora de abrir seu próprio negócio.

“Eu tinha experiência em cozinha internacional e várias linhas gastronômicas, mas o legítimo churrasco americano, feito em um pit smoker, ainda não era conhecido na cidade.”

A técnica, muito difundida nos Estados Unidos, consiste no preparo das carnes usando a defumação, em que a cocção ocorre lentamente, durante horas, em baixas temperaturas, em geral com uso de lenhas de árvores frutíferas. No caso do Ash, são 12 horas e uso de aroeira.

Da decoração aos detalhes do equipamento para assar a carne - adaptado de uma antiga chaminé de fábrica - tudo é feito pelas mãos do casal. A casa, de ambientação rústica e localizada no bairro Redentora, serve ainda versões de lanches e pratos famosos nos EUA. “Essa é a essência do legítimo churrasco americano e não assar hambúrgueres e salsichas, como muitas pensam.”

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O rei das empanadas

Há 16 anos em Rio Preto, o argentino Raul Marcelo Vargas é o chef estrangeiro que vive há mais tempo na cidade.  Há 18 anos, ele conheceu Fátima, que é médica, em um congresso em Buenos Aires. “Foi paixão à primeira vista, namoramos por dois anos, casamos e decidimos vir morar em Rio Preto. Ainda não era do ramo, comecei na área de vendas”, relembra.

Mas uma reunião entre amigos selaria um novo caminho na vida do casal. “Era para cada um levar um prato. Fiz empanada, receita de família, e foi um sucesso. Um amigo encomendou e, no boca a boca, foram chegando novas encomendas. Foi quando resolvi me profissionalizar.”

Na internet, Raul criou um perfil nas redes sociais para ampliar o negócio sob encomenda. Nascia ali a versão digital do El Chef Guevara Gourmet. “Toda a produção é artesanal, feita na hora. O cliente que recebe nossa empanada sabe que ela foi feita para ele”, diz o argentino. Ele também abastece duas confeitarias na cidade.

O cardápio é diferenciado, com ingredientes selecionados e recheios que mesclam sabores, como a empanada doce com purê de maçã, conhaque e queijo parmesão, envolta em massa crocante e úmida por dentro, ou a versão salgada com cordeiro patagônico, recheio que demora quase dois dias para ficar pronto.

Neste mês, Raul concretiza mais um sonho: inaugura um quiosque no espaço do Eko Business Park em parceria com o Santo Lúpulo, onde, além das empanadas feitas em churrasqueira, será servida comida argentina de rua, como o choripán, de pão com linguiça artesanal, e o bondiola, outro tipo de sanduíche portenho, que leva carne de porco. Para o futuro, se a experiência no food park der certo, planeja abrir um espaço próprio.

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Outras vozes na cozinha

Além dos três chefs internacionais, outros nomes passaram pela gastronomia rio-pretense em anos recentes, como o português Eduardo de Castro, que comandou o Douro Preto no prédio onde hoje funciona o Ash. Atualmente, ele comanda a cozinha do Casa do Chef by Eduardo de Castro, em São Paulo.

Outro estrangeiro que marcou época e mantém até hoje laços com Rio Preto é o chef italiano Massimo Barletti. Como Ashok, Raul e Alexis, Massimo veio para a cidade movido pela paixão por uma rio-pretense.

Natural de Florença, Barletti chegou ao Brasil em 1994 para trabalhar no Trebbiano, restaurante do L’Hotel, na capital paulista. Em 2007, abriu na Redentora o Massimo, restaurante que levava seu nome. Ficou três anos na cidade.

Hoje, está à frente do Kaa Restaurante, em São Paulo, e é consultor gastronômico do Bocacci, restaurante italiano do Duo JK Square comandado pelo empresário Kuky Bonadio.




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