Mercado




Gado de laboratório


Tabapuã, 21 de junho de 2021 - A pecuária, do ponto de vista de eficiência do negócio, não sobrevive sem a genética. Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) sobre o setor de inseminação artificial em bovinos mostram que em 2020 a produção de sêmen cresceu 36% comparada ao ano anterior, e a projeção para este ano é de um crescimento de 25%. A inseminação é uma importante ferramenta do melhoramento genético. 

O mercado de melhoramento genético movimenta cerca de R$ 1,4 bilhão por ano no Brasil. Um único sêmen costuma ser vendido em média por R$ 60, há mas casos extraordinários de melhoramento genético em que o sêmen pode chegar a R$ 20 mil. 

Com objetivo de alcançar esse melhoramento genético, pecuaristas têm investido pesado em genética. Berço da raça Tabapuã, a Fazenda Água Milagrosa, localizada na cidade de Tabapuã, é focada na produção de matrizes e reprodutores. Para alcançar esse gado de elite, investe 30% do orçamento somente em genética.

“O desenvolvimento genético é quase 100% da nossa atenção na pecuária. Não fazemos nenhum acasalamento sem estudo genético. Usamos essa tecnologia para produzir matrizes e reprodutores geneticamente melhorados que vão ser replicados em outros rebanhos”, explica Sarita Junqueira Rodas, CEO do Grupo Junqueira Rodas, administrador da Fazenda Água Milagrosa.

O melhoramento genético impacta não só na produção de matrizes e reprodutores. Essa tecnologia tem também o objetivo de contribuir com a melhoria da qualidade da carne, o aproveitamento de carcaça e a diminuição no tempo de abate.  

Pensando nisso, a Fazenda Água Milagrosa possui dois projetos de genética interligados. A equipe é composta por quatro profissionais focados apenas em melhoramento genético. “Os melhores animais vão para exposição e são replicados em outro rebanho, levando para o final da cadeia o melhor aproveitamento da carne”, diz Sarita.

Academia de campeões
Há 90 quilômetros de Tabapuã, no município de Icém, o melhoramento genético tem outra finalidade: criar touros fortes e ágeis para derrubar peões. Na Fazenda Santa Martha, a genética trabalha para produzir verdadeiros astros para as arenas de rodeios. Dali saiu, por exemplo, o lendário touro Bandido, que durante muitos anos foi o mais temido do Brasil.

“Atualmente, a genética é muito importante para nós. Em breve deve representar 80% do negócio”, afirma Paulo Emílio Marques, proprietário da companhia de rodeio que leva seu nome. 

A companhia de rodeio de Paulo Emílio possui 130 touros e há outros 150 animais novos, produzidos com a ajuda da genética, que serão testados esse ano com o objetivo de verificar se estão à altura do nível de excelência exigido para figurar em seu plantel. A companhia conta com os serviços de um laboratório especializado só para desenvolver animais dessa qualidade e com essas características.

“Já são mais de dez anos evoluindo, bem focados na genética para melhorar o nosso plantel. A meta é criar esses grandes touros ‘dentro de casa’ mesmo. Isso tem dado certo, tanto é que realizamos um leilão com cerca de 40 touros de genética”, avisa o empresário. 

Evolução da raça
Criador de gado nelore há quase 50 anos, o pecuarista Allin Bassitt Junior, 64, vê o valor gasto em genética não somente como investimento, mas também como uma contribuição importante para evolução da raça.

“A genética refletiu na evolução significativa da raça. Minha visão é para o benefício que esse investimento pode trazer no meu negócio”, diz. 

Com propriedades em Mirassol e Neves Paulista, o empresário trabalha com Nelore Comercial desde 1975 e Nelore PO desde 1989, e utiliza a genética para melhoramento do rebanho. Participa também do programa de avaliação da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu).

“Só faço Nelore com Nelore. Tem uma comparação que gosto muito sobre genética boa e genética ruim. O sêmen barato, na maioria dos casos, vai sair mais caro, porque não vai promover a evolução que você espera. Enquanto o sêmen caro se torna barato, pois o ganho genético vai ser altíssimo.” 

Como funciona o melhoramento genético
Os sêmens dos melhores touros e reprodutores de raça são congelados a uma temperatura de 196 graus negativos e armazenados em laboratório.

Por meio da inseminação artificial, os especialistas auxiliam pecuaristas a promover o melhoramento genético. Os melhores animais são utilizados para reprodução e com isso aumenta-se a qualidade do rebanho.

“Na prática, é você pegar um touro ótimo e uma vaca ótima e fazer a fertilização para ter um  bezerro ótimo. A ideia é fazer isso sempre no rebanho e ir aumentando a qualidade do gado. Claro que é feita uma série de análises para identificar os melhores animais”, explica Halim Atique Netto, diretor do Hospital Veterinário da UNIRP e da FertVitro, laboratório especializado em inseminação artificial.

Atique Netto diz que o melhoramento genético é muito usado também na suinocultura e na avicultura. “Na avicultura, essa tecnologia é avançadíssima. Antes um frango ficava 60 dias para ser abatido, hoje permanece só 34 dias na granja”, lembra. 

Foto: Elton Rodrigues




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