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Patrícia Braile Verdi assumiu a Braile Biomédica há 11 anos e, com ela, a história construída por seu pai


Patrícia Braile Verdi assumiu a Braile Biomédica há 11 anos e, com ela, a história construída por seu pai, Domingo Braile, com quem compartilha o lado humano de fazer negócios

“Quando a gente vem de uma família de médicos, pelo menos na minha época, a gente tinha uma trajetória traçada. Os filhos deveriam fazer medicina. Era quase que uma regra da casa. No entanto, eu sempre tive uma propensão para o lado de humanas. Quando chegou a hora de fazer faculdade, criei a coragem de dizer para o meu pai que não ia fazer medicina. Que queria fazer direito. Foi quando ele disse que tudo bem, desde que eu fizesse São Francisco, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).”

Esse foi o começo da trajetória profissional de Patrícia Braile Verdi, filha do cirurgião cardiovascular Domingo Braile, fundador da Braile Biomédica. Aprovada na USP, Patrícia partiu para São Paulo com 17 anos destinada a trilhar sua própria história. Formada e trabalhando em escritórios da Capital, inclusive com propostas para o exterior, veio o chamado.

O pai havia encerrado uma sociedade e ficado com o que se tornaria a Braile Biomédica. “Era um projeto de indústria ainda, um monte de espaço vazio, não tinha faturamento, não tinha mercado, pouquíssimos produtos. Ele me ligou e disse: ‘filha, preciso de você comigo’. Fez isso comigo e com a minha irmã, que é médica”, recorda Patrícia, que não pôde dizer não. “Não existe nada mais forte que o chamado da família. Você pode ter outros planos, ser convidada para outras coisas, mas o chamado da família bate muito forte na gente.”

A saída encontrada por Patrícia foi tornar aquela empreitada seu sonho também. Um sonho que era compartilhado por toda a família de construir uma empresa nacional que fabrica produtos a preços e custos justos, que garante acessibilidade para o mercado em constante expansão e necessidade.

Mas Patrícia ainda ia enfrentar outras surpresas. Depois de alguns anos atuando como apoio do pai na empresa, veio o pedido para que ela assumisse o posto de presidente e todo o legado construído até aquele momento. E apesar do choque inicial, já havia uma ideia de como conduzir o negócio.

“Meu pai é o nosso foco, é aquele que nos direciona. O sonho dele é o nosso. Ele contaminou a nós todos e a nossa tarefa é contaminar mais gente. Disseminar essa vontade de cuidar de pessoas. Não importa qual a profissão. Se você está aqui dentro, você cuida de gente. Isso é o que todos nós fazemos e essa contaminação do bem, esse amor que é contagioso, é a nossa missão, passar para todos que passarem aqui”, afirma.

Esse é o lado pertencente à área de humanas de Patrícia falando alto também. Apesar de ter se voltado para os números que constantemente ditam a carreira de um empresário, ela garante que nunca deixou o humano sair de perto. Dela e das pessoas no seu entorno. “Não adianta você só pensar em números e resultados, redução tributária ou coisas do gênero. Nós estamos falando de gente, e isso é bom demais.”


Histórias cruzadas
Há quatro anos, a Braile Biomédica enfrentou sua maior crise. Com uma dívida de aproximadamente R$ 23 milhões, a empresa de tecnologia médica precisou entrar com um pedido de recuperação judicial. Um momento que Patrícia prefere deixar no passado.

“Isso foi muito pesado para mim, muito pesado para minha família. Uma empresa como a nossa não poderia passar por isso. Só que nós estamos no Brasil e o Brasil não é para amadores, então precisamos saber enfrentar os problemas. No meio daquela turbulência, meu filho, que já era formado, ele é engenheiro mecânico, e morava no Rio de Janeiro, acabou antecipando a inevitável volta para nos ajudar no processo”, conta Patrícia.

A história se repetia. Mais ou menos como Patrícia, Rafael Braile sabia que voltaria em algum momento, mas acabou antecipando por uma necessidade.

“Ele veio nos trazer esperança, vontade,  conhecimento e motivação. A terceira geração - ele, minha filha e meus dois sobrinhos - queria continuar, queria a empresa também. Então, isso nos deu ânimo.”

Hoje, a Braile comemora ter superado esse momento e se tornado um case de sucesso e exemplo para outras empresas que enfrentam dificuldades, celebra Patrícia.

“Qual empresa não passou por dificuldades nos últimos cinco anos? A quantidade de empresas que fechou, que faliu e que pediu recuperação judicial é enorme. São milhares de empresas, então, algo está errado. Isso precisa ser olhado com muita atenção. Mas esse momento passou. Claro que não é num passe de mágica. Nada é mágica, tudo é construção, mas a construção está indo muito bem de quatro anos pra cá, realmente estamos em um momento diferente, e a chegada do Rafael tem muito a ver com isso.”

Expansão para a Europa
Com 42 anos de história e cerca de 300 funcionários, a Braile Biomédica é especializada em tecnologia médico-cirúrgica que desenvolve e fabrica produtos das linhas Cardiovascular, Biológica, Soluções, Eletromédicos, Endovascular, Transcateter e Oncologia.

A meta, para os próximos anos, é chegar a cada vez mais lugares. Já exportando para mais de 40 países, a empresa busca uma expansão consciente, que garanta que seu produto, ligado à saúde, chegue a quem realmente precisa.
 
"Estamos buscando a internacionalização. Nós já exportamos para vários países, mas estamos em vias de conseguir a Marcação CE para poder vender mais na Europa e outros países que exigem o selo da comunidade. Outro ponto é ter um setor de inovação na empresa cada vez mais forte, para que possamos desenvolver produtos de forma mais rápida", conta.

Já sobre a possível abertura de uma unidade da empresa fora do País, como foi especulado há alguns anos, Patrícia descarta o investimento por enquanto. “Tínhamos a ideia, mas resolvemos que não era o momento. Seguiremos com a venda por distribuidores."

Ensinamentos e legado
Patrícia fala do pai Domingo Braile com bastante orgulho durante todo o tempo. Ele é o foco e também a inspiração constante para o trabalho que ela vem desenvolvendo à frente do negócio desde que assumiu a presidência. “Para nós, como família, a missão é sobre levar o nome dele adiante sempre, mostrar seu exemplo. Ele nos ensinou algo que não tem preço: nada resiste ao trabalho”.

É com esse mantra que a empresária segue tocando a indústria já há 11 anos. Sempre pronta para enfrentar os desafios. Desafios que, segundo ela, são parte inevitável na jornada de qualquer tipo de empreendimento.

“Nossa missão é expandir aquilo que meu pai começou e, agora, nossa perspectiva de futuro é levar essa inovação para países que precisam dos produtos de altíssima qualidade com preços justos. E cada vez mais a importância de gostar de gente, ser uma empresa humanizada. Isso diz para mim, Patrícia, que a luta é válida. Construir uma empresa que tem objetivo muito maior que o lucro,   um propósito a mais para existir”, conclui.




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