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O futuro sobre rodas: veículos híbridos e elétricos chegam a Rio Preto e cidade começa aos poucos a moldar sua infraestrutura para a mobilidade elétrica


Saem os motores a combustão, entram os motores elétricos. É neste sentido que caminha a frota de veículos no Brasil e, claro, em Rio Preto. Realidade que até pouco tempo atrás parecia bem distante.

Conforme dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), o mercado de automóveis e comerciais leves eletrificados no País apresentou o melhor resultado de sua série histórica, com o recorde de 34.990 unidades vendidas.

Os números se referem a automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos puros (BEV) emplacados de janeiro a dezembro de 2021, e representam um aumento desse nicho de 77% em comparação com os emplacamentos do mesmo período de 2020. 

Além de ser um produto ecologicamente correto, uma vez que emite zero poluentes e ruídos, o carro elétrico recebe isenção total do pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em alguns Estados e no Distrito Federal – não é o caso de São Paulo.

“O mercado de veículos elétricos está em ebulição e todas as marcas estão lançando veículos totalmente elétricos em 2022, apostando neste rápido crescimento”, opina Manoel Cesare Filho, CEO do grupo ATM EVs.

A empresa dele é responsável por importar os tão cobiçados veículos Tesla para Rio Preto. Atualmente, há quatro modelos disponíveis, com duas variações de performance e autonomia, que variam entre R$ 500 mil e R$ 1,3 milhão e permitem rodar cerca de 500 Km com uma carga completa.

Entre os diferenciais dos carros Tesla estão dois motores 100% elétricos, que entregam de 450Hp a 1.000Hp de potência e torque instantâneo, bateria com capacidade estendida e outros atrativos tecnológicos, como o sistema de condução autônoma FSD, que usa oito câmeras e sensores para dirigir o carro sozinho, apenas com a supervisão do motorista. 

As ações comerciais em Rio Preto começaram em novembro do ano passado, quando o grupo ATM EVs apresentou quatro unidades em estoque em um estande no Shopping Iguatemi, para avaliar a receptividade do público local. O resultado logo apareceu: uma venda nos primeiros 15 dias e duas encomendas para este semestre, sendo um Model 3 e um Model Y. 

Para se ter ideia, existem no Brasil apenas 124 veículos Tesla em circulação, sendo que 53 deles foram comercializados em 2021 – um deles em Rio Preto. 
 



Outras marcas

A Tesla não é a única marca de veículos elétricos presentes em Rio Preto. Outro destaque é a Volvo, que desde 2021 conta com frota exclusivamente híbrida ou 100% elétrica, e está comprometida em se tornar neutra para o clima até 2040.

“Nossa meta é que até 2025 pelo menos 50% de nossas vendas sejam de carros 100% elétricos”, explica o supervisor de vendas da concessionária Thor, Rafael Ávila.

Hoje, existem no portfólio da empresa quatro modelos disponíveis, que custam na faixa de R$ 400 mil a R$ 500 mil, como o XC40 Pure Electric, que é 100% elétrico. Com autonomia estimada de 418 Km por carga, o veículo também se destaca por ter elementos de plástico reciclado e ser integrado ao Google, o que permite encontrar estações de carregamento ao longo de viagens.

De acordo com Rafael, somam-se à eletrificação da frota os investimentos da Volvo em infraestrutura. “Vamos criar corredores elétricos para conectar o Basil e garantir que nossos consumidores possam fazer viagens de longa distância”, afirma.

Considerando-se tanto os veículos elétricos quanto híbridos, ainda aparecem entre os queridinhos dos rio-pretenses as versões do Corolla sedan e do Corolla cross, ambos da Toyota, disponíveis na concessionária Rodobens Toyota; e alguns modelos da BMW, da Jaguar e da Range Rover, disponíveis na concessionária Euro Motors.
 



Veículos alternativos impulsionam a mobilidade elétrica

O conceito de mobilidade elétrica extrapola as barreiras de automóveis e comerciais leves, como picapes e SUVs. Uma alternativa econômica aos carros é o uso de motos, scooters e patinetes elétricos, cada vez mais populares.

A Gloov Rio Preto, por exemplo, foi inaugurada em agosto de 2020 e já vendeu mais de 200 scooters na cidade. 

“Com as oscilações no valor do combustível e os desafios econômicos relacionados à pandemia, notamos um aumento na procura de mais de 100%. As pessoas querem mudar a forma de se locomover em pequenos trajetos urbanos, com estilo, economia e praticidade”, explica a empresária Thaís Carvalho de Figueredo.

Hoje, a loja conta com sete modelos diferentes de scooters, entre os quais um triciclo. Os valores variam de R$ 9.980 a R$ 17.500 e podem ser customizados, conforme a preferência de cada cliente.

Segundo Thaís, uma das vantagens desse tipo de veículo é a praticidade do abastecimento. Como a bateria é removível, pode ser carregada em uma tomada comum e consome menos de R$ 1 por recarga.  

Empresas investem em infraestrutura
Aos poucos, empreendimentos imobiliários e estabelecimentos comerciais rio-pretenses vão moldando seus projetos para favorecer o deslocamento das pessoas de forma sustentável e equitativa.

É o caso da TARRAF, que preparou uma infraestrutura elétrica para as 145 vagas de garagens do Montelena para receber carregadores veiculares elétricos. O residencial de luxo da construtora e incorporadora será entregue no primeiro semestre deste ano.

“Os clientes do Montelena são potenciais consumidores desse tipo de veículo. Portanto, quando lançamos o empreendimento, imaginamos que, mais cedo ou mais tarde, eles teriam seus veículos elétricos. Essa evolução está ocorrendo de forma cada vez mais rápida”, opina o diretor executivo da empresa, Marcelo Junqueira. 

A experiência deve ser replicada no Quintessa. Além disso, segundo o diretor, deve ser instalado um carregador para bicicletas elétricas no Bike Space do Nau Vivendas – outro empreendimento da empresa em construção na zona sul.

A Garetti Desenvolvimento Imobiliário é outro exemplo. Em abril, a construtora quer entregar o Toscana Residence com carregadores veiculares em suas garagens. Outros projetos no mesmo formato já estão projetados para 2023, como o T:ME, e 2024, como o Hype 017.

A Hugo Engenharia, outro player do setor de incorporação, prepara estrutura similar no edifício Holt Place, em construção no bairro Reserva da Mata, e no recém-lançado Alameda Iguatemi, a ser construído no complexo do Shopping Iguatemi.

O centro de compras também tem incentivado a mobilidade elétrica. Há quatro anos, existem em seu estacionamento coberto três vagas com carregadores compatíveis com veículos da Volvo e da Porsche. De acordo com sua assessoria de imprensa, em breve, devem ser instalados mais carregadores, compatíveis com outras marcas. 

O supermercado Max Atacadista, da região Norte, também conta com ponto de carregamento gratuito, com capacidade de reabastecimento de até 24 veículos híbridos ou elétricos ao dia. Ainda há pontos de recarga no Georgina Business Park, no posto Brazilian JK, entre outros.

“Rio Preto já dispõe de oito pontos de carregamento público em empresas, shoppings e supermercados, e a ATM EVs pretende instalar em 2022 mais 10 pontos de recarga em toda a cidade. Também estamos viabilizando a instalação de um eletroposto de carga rápida para o primeiro semestre”, adianta o CEO do grupo ATM EVs, Manoel Cesare Filho.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Rio Preto, ainda não há projetos públicos específicos para favorecer a mobilidade elétrica no município. 
 

Desafios da eletrificação do transporte no Brasil 
Para que a eletrificação dos transportes ocorra com a escala necessária e de modo sustentável, é preciso combinar uma série de fatores de governança, mercado e tecnologia. Nesse sentido, o número de veículos não é suficiente para medir o sucesso da eletrificação da mobilidade, embora seja um indicador fundamental. 

“Temos, é claro, grandes desafios, principalmente no campo da governança. Políticas públicas sólidas desempenham no mundo todo um papel essencial no apoio e incentivo à mobilidade elétrica, e aqui (no Brasil) nos mobilizamos para que elas estejam mais presentes”, diz Marcus Regis, diretor executivo da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME).

Segundo ele, descarbonizar os transportes é muito mais do que uma nova tendência tecnológica ou de mercado. É parte essencial de uma resposta necessária e urgente a questões que já atingem o presente, como a necessidade de driblar crises energéticas e de favorecer a sobrevivência da humanidade, por meio de uma retomada econômica mais justa e sustentável.

“Acho que é seguro dizer, a esta altura, que se pensarmos em mobilidade elétrica como a mera substituição de veículos a combustão por veículos elétricos – fazer mais do mesmo, mas agora ligados à tomada –, estaremos não só perdendo uma grande oportunidade de repensar sistemicamente a maneira como nos movemos e transportamos carga, mas também arriscando nossa própria existência no planeta”, opina Regis.

Regis acredita que, no Brasil, ainda exista por certo tempo outros meios de propulsão, como os que utilizam etanol, biodiesel e até mesmo combustíveis fósseis. 

Entre os principais desafios atuais para a transição em massa está o preço dos veículos elétricos, ainda alto em comparação com os veículos a combustão, e as questões regulatórias que pesam sobre venda de energia elétrica, padrões de conexões, tipos de recarga, segurança, distribuição geográfica dos eletropostos, entre outros. 

Outro ponto que merece atenção é a produção e o descarte das baterias, que pode vir a se tornar um problema ambiental se não tratado da forma correta. 

Números
124
Veículos Tesla apenas estão em circulação hoje no Brasil – um deles em Rio Preto
 
34.990
Automóveis eletrificados foram vendidos no Brasil em 2021, melhor resultado da série histórica
Fonte: Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE)
 
R$ 1
É o custo de recarga de uma scooter elétrica
 
8
Pontos de carregamento público em empresas, shoppings e supermercados existem atualmente em Rio Preto, como Iguatemi e Max Atacadista

Saiba abaixo, tudo, sobre os primeiros Teslas em Rio Preto:



Fotos: Elton Rodrigues
Produção Audiovisual: Comunic Comunicação Estratégica




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