
Por Ana Balestrieri
A vida é surpreendente. Quando trabalhava na bomboniere do cinema de rua na pequena cidade de Urupês (SP), Margarise Correa não tinha como imaginar que, anos mais tarde, se tornaria a pessoa capaz de conectar empreendedores brasileiros a negócios e investidores localizados no Vale do Silício, o epicentro da tecnologia mundial. Morando nos Estados Unidos há mais de 20 anos, Margarise é CEO e fundadora da BayBrazil, uma iniciativa pioneira lançada em 2010 e que se tornou referência para comunidades de tecnologia que buscam informações e conexões com líderes de tecnologia do Vale do Silício e Brasil.
A organização, sem fins lucrativos, é formada por executivos norte-americanos e brasileiros que moram na região da Baía de São Francisco e representam empreendedores, investidores e corporações engajadas no desenvolvimento de tecnologia de ponta.
Na última década, Margarise criou uma série de programas e eventos educacionais no Vale do Silício, incluindo uma conferência anual, lançada em 2012, na Universidade de Stanford, que destaca empreendedores, investidores e executivos do setor de tecnologia para discutir inovação e o papel do Brasil na economia global. Hoje, esse é o maior evento brasileiro de tecnologia e empreendedorismo no exterior, atraindo mais de 300 pessoas, todos os anos.
"Hoje nossa rede conta com
mais de 15 mil pessoas
engajadas de diversas
maneiras no fomento do
empreendedorismo no Brasil"
Margarise Correa, CEO da BayBrasil
Em 2017, Margarise recebeu o título de "Woman of Influence" pelo Silicon Valley Business Journal, prêmio de reconhecimento a mulheres líderes que representam a força propulsora da região e, no ano seguinte, recebeu um prêmio da Embaixada Brasileira nos Estados Unidos por sua contribuição às comunidades de tecnologia e inovação do Vale do Silício e Brasil.
Em entrevista exclusiva para a É RIO PRETO, Margarise Correa fala sobre a trajetória que a levou até essa posição, o propósito da BayBrasil e o que empresários e empreendedores brasileiros precisam ter para serem bem-sucedidos no Vale, entre outros assuntos.
É RIO PRETO – Quem era a Margarise antes de se mudar para os Estados Unidos?
Margarise Correa - Eu nasci e cresci em Urupês. Além de estudar, eu e meus irmãos ajudávamos nossos pais no comércio que tiveram no centro da cidade e, mais tarde, também no Cine Urupês. Minha irmã e eu éramos as responsáveis pela bomboniere, nossa primeira experiência como empreendedoras. Fiz jornalismo na Universidade Estadual de Londrina. Quando me formei eu já sabia que queria trabalhar em televisão e fui bater na porta da TV Noroeste Paulista. Cobri eleições, greves, esportes, cultura, economia e o dia a dia de Rio Preto e região.
É RIO PRETO - Em que contexto aconteceu sua mudança para os Estados Unidos?
Margarise - Eu nunca planejei morar nos EUA, fui apenas de férias pra Califórnia visitar uma amiga que estudou comigo na UEL. Entre os passeios, fomos num casamento e ali conheci meu marido. Voltei pro Brasil e, uns meses depois, ele foi me visitar. “The rest is history”, como dizemos em inglês. A transição profissional foi turbulenta. Com inglês ruim eu não poderia ser jornalista. Tive que, em primeiro lugar, estudar a língua, a cultura da região e me reinventar profissionalmente. Em 98, o Vale do Silício estava vivendo o boom de startups. O Google foi fundado por dois estudantes; profissionais de big techs começavam a deixar seus empregos pra se juntar às novas empresas ou fundar startups. Comecei a me envolver com o setor de tecnologia e fui contratada por uma startup em São Francisco. A partir dali um novo mundo se abriu. Entre erros e acertos, mergulhei num aprendizado constante e acompanhei de perto os avanços tecnológicos que revolucionariam o mundo.
"As empresas que aprendem
com seus clientes continuamente
e adaptam seus produtos e
serviços com rapidez são as
que vencem em qualquer
mercado competitivo."
Margarise Correa, CEO da BayBrasil
É RIO PRETO – A BayBrazil nasceu com o propósito de aproximar pessoas e empresas no Vale interessadas em investir ou fazer negócios no Brasil. Como você enxergou a oportunidade?
Margarise - Anos após o boom e o bust de startups, o mundo começou a falar de BRICs. Segundo analistas, Brasil, Rússia, Índia e China seriam as economias mais fortes do mundo em 2050. Percebi então que, no Vale do Silício, havia muita informação sobre os “RICs” e nada sobre o “B”. Frustrada com aquela realidade, abracei a missão de mudá-la. Em 2010, fundei a BayBrazil pra colocar o Brasil na agenda do Vale, construir a hub americana-brasileira de tecnologia, destacar empreendedores, investidores e, principalmente, promover diálogo entre os players de tecnologia das duas regiões.
É RIO PRETO - O quanto essa conexão Vale-Brasil se fortaleceu nesses 12 anos, desde a criação da BayBrazil?
Margarise - Com a revolução tech e o início da globalização, comecei a observar o aumento dos negócios entre o Brasil e o Vale do Silício. Entre 2009 e 2010, o Brasil tornou-se o quinto maior mercado digital do mundo e o segundo ou terceiro maior para diversas empresas aqui da Baía de São Francisco. Enquanto isso, no Brasil, surgiam os primeiros cases de sucesso: a aquisição da Akwan, pelo Google, em 2005; do Buscapé, pela Naspers, em 2009, e os primeiros fundos de capital de risco. O papel da BayBrazil em fomentar diálogo e interação entre líderes do setor de tecnologia ficou ainda mais relevante. Passamos a facilitar o acesso de empreendedores, investidores, executivos brasileiros a empresas do Vale para conversas sobre tendências em inovação tech, oportunidades de negócios.
É RIO PRETO – Hoje quantas pessoas estão conectadas neste ecossistema?
Margarise - Hoje nossa rede conta com mais de 15 mil pessoas engajadas de diversas maneiras no fomento do empreendedorismo no Brasil. Temos facilitado disseminação de conhecimento, troca de informações, conexões, parcerias, diálogo por meio dos nossos programas no Vale do Silício. Para mim é um privilégio e uma honra contribuir pra evolução do ecossistema inovador, pois empreendedorismo é o que vai trazer a vitalidade econômica que o Brasil tanto precisa!
É RIO PRETO - O que é preciso para vencer no Vale?
Margarise - Familiarizar-se com o método “Lean Startup” é um bom começo. Eu acho que ninguém ensinou melhor do que o visionário e mestre da inovação Steve Blank. Ele desenvolveu a metodologia “Customer Development”, que deu origem ao “Lean Startup”, cujos princípios ajudam o empreendedor a inovar constantemente e escalar seu negócio exponencialmente. Interação com o consumidor é fundamental para testar e validar suas hipóteses sobre clientes, produto/serviço e mercado. Desenvolvimento ágil resulta em aprendizado rápido através de feedbacks dos clientes/usuários para que o time responda a mudanças necessárias, reduza o ciclo de desenvolvimento de produto e decida se vale investir mais ou pivotar. Esse método tem sido adotado amplamente no mundo, tanto por startups como grandes corporações. As empresas que aprendem com seus clientes continuamente e adaptam seus produtos e serviços com rapidez são as que vencem em qualquer mercado competitivo.
Foto: Arquivo pessoal
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