Cultura




Mayk Ricardo faz estreia na direção com seu primeiro solo


Experimento coreográfico “Ato 1: O coração faz parte de um sistema” tem estreia marcada para quinta-feira, dia 31/10, no Teatro Nelson Castro, e reflete sobre as vivências e as emoções de corpos pretos em busca de autonomia e amor

O que é um sistema? Qual sistema eu ocupo? Qual a minha função nesse sistema? Como meu corpo preto é visto dentro do sistema social em que vivemos? Com essas perguntas o coreógrafo Mayk Ricardo apresenta o experimento coreográfico “ATO I: o coração faz parte de um sistema”, que ocupa e transforma o Teatro Nelson Castro em um lugar de (re)existência e afeto no dia 31 de outubro, às 19h30, com entrada gratuita.

Em “Ato I: O coração faz parte de um sistema”, o artista parte de suas próprias experiências para convidar o público a refletir sobre as estruturas sociais que definem as vivências de pessoas pretas, por meio de uma investigação coreográfica que busca entender como esses corpos se relacionam com seu entorno e consigo mesmo. Segundo Mayk, esse é o primeiro de três atos que trazem à tona as relações afetivas em corpos pretos, sobre como essas pessoas se relacionam afetivamente, não apenas de forma romântica, mas também entre si, com a sociedade e com o espaço ao seu redor.

“Trata-se de um diálogo com o imaginário social que a branquitude construiu sobre o corpo preto — um corpo historicamente objetificado e supersexualizado. Esse histórico racista molda a maneira como nos relacionamos e nos vemos, e é essencial se aceitar como um corpo capaz de ser visto além dos estereótipos, também como corpo de afeto. A performance utiliza a dança como uma forma de autoafirmação e diálogo, para nos conectar às questões estéticas, políticas e sociais que nos atravessam”, complementa o coreógrafo.

O ato busca ressignificar essa percepção e mostra que o corpo preto não é apenas objeto, mas também sujeito de afeto, em um espaço de aceitação real e não estereotipado. Ao longo do espetáculo, o público percebe (junto ao performer) que não há nenhum problema com aquele coração, que biologicamente é igual ao de todo mundo, e fica claro que as questões que afetam o órgão e, consequentemente, a existência afetiva daquele corpo, não estão relacionadas ao sistema circulatório e sim ao sistema político-social, às imposições do patriarcado e das relações que construímos, que afetam profundamente a forma como nos enxergamos e nos conectamos afetivamente.

Ações formativas
Como parte do projeto, o artista realizou em outubro, o workshop “Dança inclusiva: ativando a pele, o sangue, a água e o ar” destinado aos alunos do Instituto dos Cegos, com a intenção de proporcionar um espaço de experimentação da dança através da sensação, do sensorial, utilizando práticas da dança somática e alguns elementos presentes no trabalho como forma de compartilhar o processo do projeto. A atividade contou com audiodescrição.

O artista também promoveu a oficina “A dança como um sistema: biologia e tecnologia como ferramentas para mover o corpo”, destinada aos alunos do Centro de Convivência da Juventude (CCJ) e um ensaio aberto seguido de bate-papo, com intérprete de libras, no Teatro Municipal Nelson Castro. Mayk Ricardo também realizou para os alunos do Projeto Mundo Novo “CEU DAS ARTES” o workshop: “Dispositivos de criação em dança contemporânea”.

Sobre o projeto
A partir de questionamentos sobre as estruturas opressoras que permeiam as vivências afetivas de pessoas pretas, surgiu a ideia do projeto, que coloca em pauta o entendimento do amor enquanto ética de vida, ação e escolha. Dividido em três atos, o trabalho busca refletir sobre como o amor pode ser uma forma de obter algum controle sobre a violência cotidiana que atravessa os corpos pretos, reconhecendo os conflitos e as negociações das posições que esses corpos ocupam na sociedade. O primeiro ato está sendo realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo - Secretaria de Cultura, Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, Ministério da Cultura e Governo Federal, e explora esses temas em um contexto que alimenta outras formas de articulação, conversa e resistência, desafiando estereótipos e propondo novas perspectivas de existência.

Sobre o artista
Desde 2020, Mayk Ricardo tem se inserido no cenário da dança no interior e na capital como artista independente, criando seus próprios trabalhos - como a vídeo-dança “su.jei.to”, a partir de suas inquietudes e atravessamentos enquanto cidadão preto, pobre e lgbtqia+, contemplada pelo Prêmio Funarte RespirArte; e a pesquisa "Movimento-afeto: dançando histórias de amor" (@movimentoafeto), contemplada pelo Prêmio Nelson Seixas 2021 e 2022 da cidade de São José do Rio Preto, que reflete sobre afetividades pretas enquanto arma política na construção de um corpo- manifesto, a partir do audiovisual, performance e dança. Essa é a pesquisa atual do artista e parte fundamental desse projeto que, desde seu início, desembocou na criação de um texto, um diário de bordo online (https://movimentoafeto.tumblr.com/) , uma vídeo dança, uma residência artística para artistas negres de Rio Preto, e duas performances/fragmentos presenciais coletivos apresentados em locais como SESC Rio Preto e Mostra Cênica Resistências, o que caracteriza o projeto como um movimento que leva afeto preto para o público e vai de encontro na prática com o “devir negro no mundo”, conceito discutido por Achile Mbembe que implica em um processo de transformação e empoderamento da população negra; uma crítica profunda ao sistema que perpetua a opressão e a exploração.

FICHA TÉCNICA

Idealização, coreografia e performance: Mayk Ricardo
Direção: Mayk Ricardo, em colaboração coletiva
Texto e dramaturgia: Anna Claudia Magalhães
Provocação cênica: Beta Cunha
Práticas corporais: Bruno Lima (Xamã), Carol Cof e Marcelo Finato
Desenho e operação de luz: Reni Trombi
Trilha sonora: Mayk Ricardo e Victor Silveira (Vitin.wav)
Operação de som: Victor Silveira (Vitin.wav)
Tecnologia e vídeo-projeção: Agrupamento Robo.Art
Figurino: Wilma Drag (LAB)
Fotografia: Rafaela Cândido
Captação e edição de vídeo: Fernando Macaco
Design Gráfico: juny kp!
Assessoria de imprensa: João Vitor Boni
Consultora em acessibilidade e audiodescrição: Milena Bertoni
Intérprete de libras: Bazin
Produção: Larissa Macena

Serviço
Espetáculo: “ATO I: O CORAÇÃO FAZ PARTE DE UM SISTEMA”
Data: 31 de outubro de 2024
Horário: 19h30
Local: Teatro Municipal Nelson Castro
Endereço: Av. Feliciano Sales Cunha, 1020 - Jardim Novo Aeroporto, São José do Rio Preto - SP
Entrada: Gratuita (Classificação indicativa: 14 anos)
Acessibilidade: Atividade com audiodescrição e intérprete de libras

Foto: Divulgação




Últimas Notícias sobre Cultura

Site Desenvolvido por
Agência UWEBS Criação de Sites

Categorias

As + Lidas

  1. Assaí Atacadista anuncia chegada a São José do Rio Preto
  2. Super Muffato Damha será um investimento de mais de R$ 45 milhões
  3. O sucesso da Madalê, gelateria que, desde a inauguração, registra filas de dobrar o quarteirão
  4. Laboratório HLab vai realizar testes particulares para a Covid-19
  5. Postos de combustíveis estão abastecendo apenas com declaração de atividade essencial ou de servidor público
Ir ao Topo