Consumo




Empresárias rio-pretenses com negócios de alto padrão veem mercado de luxo crescer em meio à pandemia


Lívia Costantini Marques, Kárita Machado, Telma Maia Polo e Daniela Lerro P. dos Santos Tarraf são quatro empresárias rio-pretenses bem-sucedidas que têm algo mais em comum: a relação com o consumo de luxo, um mercado que só cresce, no mundo, no Brasil e em Rio Preto. Na contramão de grande parte dos setores que sofreram com a retração provocada pela pandemia, o mercado de luxo vem conseguindo crescer de forma bastante sólida. Segundo a Euromonitor Internacional, o setor deve crescer 34% até 2025.

No País, dados da Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael) revelam que o setor teve crescimento médio de 51,74% e a receita com bens de luxo ultrapassou US$ 5 bilhões.

A experiência de sentir
Por muito tempo, a empresária Kárita Machado trabalhou como franqueada de marcas renomadas na cidade. Hoje, é dona das lojas Twenty Four Seven, Track&Field, Schutz, Simple Organic, e a “menina dos seus olhos”, Generosa, loja multimarcas inaugurada na Redentora.

“A pandemia fez com que as clientes passassem a valorizar e a ter um olhar mais carinhoso para o mercado brasileiro. Nesse período, minhas clientes deixaram de viajar e passaram a consumir produtos daqui do Brasil. E isso se refletiu em toda a cadeia desse ramo”, diz.

Outro “reflexo” da pandemia foi o despertar, segundo a empresária, do senso de urgência em propagar o “ser”, o sentido de ressignificação e do reencontro pessoal em meio a tanto medo, inseguranças e incertezas. Assim nasceu o Generosa Sense, um ambiente criado dentro da loja voltado para a reconexão, segundo Kárita, e que tem sido compartilhado com as clientes.

O espaço conta com itens naturais como pedras, cristais, velas, produtos para pele, momentos de meditação e palestras sobre o autoconhecimento. “Senti a necessidade de compartilhar algo da minha rotina que tem a ver com os sentidos e com o sentir. Foi então que nasceu a Generosa Sense, onde promovemos eventos de autoconhecimento, autocuidado, minipalestras, workshops, entre tantas outras coisas intimistas, com um grupo pequeno de mulheres. Nesse espaço também vendemos alguns produtos ligados ao bem-estar”, explica.

As expectativas de Kárita para esse ano são as melhores. A projeção é de crescimento e também de conquista de clientes para a “experiência do reencontro”, algo que dá um sentido além da compra. “Projeto sim um crescimento das vendas, especialmente na Generosa, onde a gente consegue oferecer essa experiência. Agora, mais do que nunca, as pessoas passaram a ter um olhar diferente para o ‘ser’. Querem ser acolhidas, bem atendidas. Acredito que, por conta de tudo o que podemos oferecer, impactará diretamente nas vendas”, diz.


Dona de cinco lojas na cidade, Kárita Machado ressignificou alguns negócios, com o foco nos reencontros 

Confira como foi a entrevista com a empresária, Kárita Machado:


Alegria nos pés
Enfermeira de formação e com visão empreendedora desde sempre, Telma Maia Polo, dona de lojas como Lessô e Lessô Biss e franqueada Victor Hugo (todas instaladas no Riopreto Shopping), começou vendendo sapatos que transportava no carro, para as colegas de hospital.

“Eu era enfermeira e carregava as sacolas dentro no carro. Minha irmã, que trabalhava num outro hospital, deixava eu levar as sacolas. Foram dois anos neste caminho de enfermeira e empresária”, lembra.

Telma foi uma das primeiras do ramo a investir no mercado de sapatos diferenciados para mulheres em Rio Preto, ao observar que havia na cidade essa carência. “Na época não havia muitas opções de sapatarias, nem se ouvia falar em boutique de sapatos. Rio Preto era uma cidade muito pequena e as pessoas não tinham ideia da variedade de calçados que existia. Por isso eu quis trazer sapatos bonitos, de marcas boas e que eu gostava.” 

A oportunidade de abrir o próprio espaço veio de maneira inesperada. “Saí do hospital e uma amiga, que se tornaria minha sócia, também saiu. Nesse período, apareceu um espaço dentro de um consultório de outra amiga, que é médica. Uma garagem! Ela me ofereceu para alugar e eu topei. Não era glamoroso, mas era diferente. A gente já sentia que teria futuro...” O feeling de Telma estava correto: hoje a Lessô é uma marca de sapatos consolidada.

A empresária não imaginava que a pandemia duraria tanto. Nem que, mesmo em tempos de crise, sua marca cresceria da forma como cresceu. 

Ela associa o fato a uma mudança no comportamento das clientes, que passaram a querer investir mais no modo de se vestir, a fim de resgatar a alegria e a autoestima em tempos difíceis. “A pandemia pegou todo mundo de surpresa. Nem na pior hipótese eu poderia imaginar que ficaríamos tanto tempo com as portas fechadas ou horários restritos. Isso coincidiu no começo de uma nova coleção, a coleção de inverno. Foi quando começaram a chegar peças mais coloridas, como reflexo da necessidade das pessoas de se sentirem mais alegres, solares, e se sobressaírem em meio a tudo isso”, analisa.

Para 2022, a empresária faz projeções otimistas, apesar de o setor ainda trazer impactos dos primeiros anos de crise. “Toda a cadeia produtiva sofreu muito. Tivemos descontinuidade de matéria-prima e produtos que demoravam para chegar. Mas minha expectativa é a melhor possível. Acredito que em breve vamos sentir um avanço muito grande.” 


Telma Maia Polo, da Lessô: coleções mais coloridas para resgatar a alegria e a autoestima 

Confira como foi a entrevista com a empresária, Telma Maia Polo:


Luxo é qualidade
Dona da loja dbaazar, no shopping Iguatemi, Daniela Lerro P. dos Santos Tarraf define luxo numa palavra: qualidade. A empresária conta que sua primeira noção de luxo vem de criança, ao observar os avós usando talheres de prata durante as refeições. “Venho de uma família muito ligada à qualidade. Meus avós maternos sempre comeram com talher de prata. E eu falava ‘Vovó, por que talher de prata? É um metal tão precioso, não vai desgastar?’, e minha avó me respondia que não, que quando a coisa é boa, é feita para durar, e você pode usar sem medo”, relembra. 

A paixão por moda, seja de roupas, acessórios e até mesmo itens para casa, também veio de família. Para ela, vai além do “estar bem vestido”. É sinônimo de pertencimento. “Vejo que os fornecedores procuram agregar em seu marketing de luxo valores como qualidade, identidade, que você pertence ao meio ao qual você quer fazer parte. Se for a uma festa, onde você não conhece ninguém, se está com uma roupa de qualidade, estará pertencendo àquele grupo”, diz. 

Um companheiro inseparável de Daniela durante a pandemia foi o celular. O Instagram se tornou a principal vitrine da loja (mesmo depois da reabertura do shopping). A empresária relembra que, quando o centro de compras estava fechado, tinha um curto prazo para pegar o máximo de peças de roupas possível para anunciar na página e vender para as clientes. 

“Tinha 15 minutos para ficar na loja e muita coisa para vender! A gente vinha com cabo de vassoura. Uma funcionária segurava na frente e eu atrás e a gente colocava os cabides e levava para casa. Minha família virou modelo na época. Eu colocava muita coisa no Insta. Bombava tanto feed quanto nos stories, e deu muito certo! Até hoje. Se eu deixar de postar 1 dia no Insta, não tenho retorno na loja”, afirma.

Para a empresária, a perspectiva de crescimento é a melhor possível pois, na sua visão, o conceito de luxo está sendo cada vez mais associado também a uma melhor relação de custo-benefício. “Se tem qualidade, dura por muitos anos. As pessoas estão percebendo isso cada vez mais. É um mercado que está crescendo muito e tende a continuar crescendo.”


Para Daniela Tarraf, a percepção de valor de artigos de luxo está muito associada hoje a qualidade, durabilidade e relação custo-benefício 

Confira como foi a entrevista com a empresária, Daniela Tarraf:


Empoderamento, liberdade e permanência
Autovalorização, qualidade, exclusividade, conquista. Para a empresária Livia Costantini Marques, são essas palavras combinadas que ajudam a entender sua visão sobre o que é luxo. Diretora executiva do Grupo Costantini, a relação dela com esse mercado também é familiar e nasceu com os avós, em 1942. Neta de Marco Costantini e Tereza Carrazzone, a paixão por acessórios e itens luxuosos é algo que vem de gerações. Hoje, Livia segue o legado que recebeu do pai, o visionário José Pascoal Costantini, que transformou o cenário de joias no Brasil. 

“Meu pai sempre gostou muito de aprofundar o conhecimento em joias e de apoiar entidades de classe. Viajava muito para a Itália para participar de feiras e aprender sobre novas tecnologias. Ele, inclusive, ajudou a fundar o IBGM - Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos. Com um grupo de 11 fabricantes, realizou a primeira feira de joias do Brasil”, contou.

Além de joias, a Joalheria Costantini conta com outros itens de luxo. Relógios de cobiçadas marcas como Rolex, Montblanc, Victorinox, Tag Heuer, ganham espaço nas vitrines e conquistam cada vez mais consumidores até de outras partes do Brasil. 

“Com a pandemia, os consumidores do mercado de luxo passaram a olhar para dentro do Brasil. Com as fronteiras fechadas, as pessoas não puderam mais ir para outros países para comprar os produtos. Assim, com a facilidade de parcelar, e por estarem mais próximos aos itens daqui, sentimos um aumento significativo nas vendas”, revela.

Livia conta que essa mudança de comportamento do consumidor refletiu no comportamento das marcas. “As grandes marcas passaram a olhar diferente para o mercado brasileiro. Com o aumento na procura pelos consumidores locais, as empresas começaram a mandar produtos especiais, exclusivos, que antes eram colocados apenas em vitrines de outros países.” 

Para a empresária, joias simbolizam uma eterna lembrança de um momento especial. Uma peça tem o poder de trazer à memória um marco ou evento que será lembrado ou repassado de geração para geração. 

“As pessoas têm vontade de adquirir algo que representa um momento importante e que precisa ser lembrado por anos e anos. Uma data especial ou um acontecimento de grande relevância. Mas as joias também simbolizam conquista e autovalorização. Não devem ser usadas apenas em momentos especiais. Elas reforçam que situações importantes devem ser comemoradas com frequência. Trazem empoderamento, autoconfiança, liberdade”, afirma.


Lívia Costantini Marques: "As grandes marcas já estão mandando para cá produtos especiais, exclusivos, que antes eram colocados apenas em vitrines de outros países" 

Confira como foi a entrevista com a empresária, Lívia Costantini:

 

Fotos: Elton Rodrigues
Produção Audiovisual: Comunic Comunicação Estratégica




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