Rio Preto




Eleito para comandar Rio Preto pela quarta vez, Edinho Araújo fala sobre os planos para fortalecer a economia e manter a cidade no radar de investimentos


São 48 anos de vida pública, mais de uma dezena de campanhas disputadas e a quarta vitória para o cargo de prefeito de Rio Preto. Em todo esse tempo, Edinho Araújo viu e vivenciou muita coisa. Mas nada que se equipare ao último ano.

“Ninguém tinha experiência em pandemia”, como ele mesmo diz. No entanto, entre decisões difíceis e polarizadoras e a dor pelas perdas que a Covid-19 trouxe, Edinho acredita que escolheu o caminho correto.

“Jamais Rio Preto foi para a fase vermelha, sempre procuramos avançar. Nunca uma decisão nossa foi questionada pelo Ministério Público ou alterada pelo poder judiciário, isso mostra o acerto da direção que tomamos ouvindo sempre a ciência, a técnica e o Comitê de Combate à Covid-19”, conta.

Além disso, o prefeito de Rio Preto tem muito a comemorar. Edinho foi reeleito para seu quarto mandato à frente do poder executivo da cidade, sendo “bicampeão no primeiro turno”, como ele mesmo fez questão de lembrar logo após a vitória no último dia 15 de novembro. Venceu com 54,84% dos votos válidos, totalizando 111.525 votos.

Em entrevista a É RIO PRETO, o prefeito reeleito falou sobre seus planos para o futuro, como pretende colocar a economia local nos trilhos e manter Rio Preto no radar de empresas e investimentos.

É RIO PRETO - Prefeito, antes de qualquer coisa, parabéns pela vitória. Esse será seu quarto mandato em Rio Preto. Como o senhor se sente diante dessa confiança que a maior parte da população depositou no senhor?
Edinho Araújo -
Muito honrado, sabendo da enorme responsabilidade que tenho, porque Rio Preto é uma cidade referência nacional e governá-la pela quarta vez é algo que me enche de alegria, de orgulho. Vou dar tudo de mim e vou governar cada dia como se fosse o primeiro e como se fosse o último. Em equipe, sempre.

É - Esse ano foi bastante difícil para todos, mas a pressão em cima dos governantes foi ainda maior. Como foi navegar entre as cobranças e o que pesou quando tomou cada uma das decisões até aqui?
Edinho -
2020 vai para a história como um dos anos mais difíceis para todos. Não há quem não tenha sido atingido direta ou indiretamente pela pandemia da Covid-19. Para o administrador, foi algo inédito. Ninguém tinha experiência em pandemia, em Covid-19. Por isso, tivemos que enfrentar, buscar conhecimento, sempre nos norteando pela ciência, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Comitê e pelos profissionais. Foi um trabalho diário para capacitarmos a rede física, buscarmos a proteção dos profissionais. Recordo que no início os equipamentos de proteção individual eram escassos, então tivemos que trocar o pneu com o carro andando, em uma linguagem figurada. Sempre nos baseando no Comitê de Combate à Covid-19, dirigido pelo secretário de Saúde, doutor Aldenis Borim, e cientistas renomados, profissionais que me orientavam. Ouvindo também os assessores mais diretos. O objetivo, primeiro, sempre foi salvar vidas. Evitar que alguém pudesse ficar desassistido. E ninguém ficou desassistido. Rio Preto, uma cidade líder, uma cidade capital, também teve que prestar assistência a moradores de cidades vizinhas, porque o estado é dividido em distritos regionais. Aqui atendemos 102 municípios. Muito diálogo com aqueles que estão à frente das unidades de saúde, dos hospitais, com as pessoas ligadas à assistência social e, também, procurando atender os alunos. Pois tivemos de interromper as aulas e sabemos o quanto a merenda é fundamental para muitas crianças. Foram distribuídos mais de 600 mil kits-alimentação para substituir as merendas. 

É -  Agora olhando para o futuro, qual a principal diferença que o senhor apontaria em um segundo mandato?
Edinho -
Um segundo mandato, continuado imediatamente, me dá maior conhecimento da situação. E a preocupação de prestar serviços regulares, saúde, educação, assistência social, continuam sendo prioridades. Sempre o emprego e a renda constituem valores importantes em uma meta de governo, mas, agora, temos que diagnosticar quais os efeitos reais na economia, quem perdeu o emprego em função da pandemia, qual empresa fechou ou sofreu impacto maior. Para isso, constituímos um comitê presidido pelo professor Orlando Bolçone (futuro vice-prefeito) com todas as entidades ativas, que vivem a cidade no seu dia a dia, como Acirp, Ciesp, Sebrae, sindicatos, associações, para diagnosticar e estabelecer metas no sentido de minimizar essa questão que atinge a economia e as pessoas. 

É - Podemos dizer então que para esse primeiro ano de seu novo mandato uma das prioridades será a retomada econômica de Rio Preto. Além desse comitê, o que mais a prefeitura está planejando para colocar a economia nos trilhos?
Edinho -
Focar muito atentamente à questão da tecnologia. Tudo que puder ser feito via internet. Quanto mais serviços prestados online, mais economia e maior agilidade. Temos avançado muito nesse aspecto e, agora, vamos ter uma atuação muito mais eficiente.

É - Já que falamos em tecnologia, o Parque Tecnológico tem papel importante na retomada econômica de Rio Preto. Como deve ser esse papel? E o que o governo municipal vai fazer para consolidar esse espaço?
Edinho -
O Parque Tecnológico tem avançado ao longo dos anos. O distrito está com infraestrutura, da mesma forma que o prédio com a incubadora, o centro empresarial. Estamos com todas as condições físicas colocadas. Agora, precisamos avançar ainda mais, divulgar nossa cidade e procurar trazer empresas que queiram se instalar aqui. E queremos motivar novos empreendedores, que Rio Preto continue sendo, cada vez mais, uma terra de oportunidades, uma cidade empreendedora. Para tanto, vamos começar desde as escolas, com a educação das crianças e dos jovens. Cultivando esse entusiasmo para empreender. Temos uma característica peculiar de ser uma cidade cuja economia é diversificada. E, em tempos de crise, quem tem uma realidade como essa sai na frente. Já temos números que apontam para essa direção.

É - Quais medidas estão previstas para impactar positivamente o empresariado?
Edinho -
O Parque Tecnológico é um instrumento. O Comitê que vai apontar direções e soluções é outro. O que pudermos fazer em termos de tributação, sem perder de vista a questão da realidade, dos encargos que a prefeitura tem. O que pudermos fazer para incentivar a economia, nós faremos, como já fizemos neste mandato com alguns setores, reduzindo a alíquota, sempre com muita responsabilidade. E como se trata de um governo democrático, aberto, e esse comitê será formado pelos próprios representantes dos empreendedores, tomaremos as decisões que mais convêm.

É - A carga tributária municipal é uma demanda frequente entre empresários da cidade. Há como melhorar essa realidade?
Edinho -
Acho que sempre a discussão tem que ser colocada na mesa. É um leque de opções, de atividades econômicas, e precisamos analisar sempre a vocação da cidade e procurar fazer o que é possível fazer, sempre com responsabilidade, porque a prefeitura tem seus encargos, tem que prestar seus serviços regulares. A saúde, a educação são prioridades. A assistência social, tudo aquilo que visa o aperfeiçoamento do jovem, a qualificação profissional. Então, vamos tomar essa medida de forma coletiva visando sempre a satisfação e o desenvolvimento de todos. Queremos uma cidade cada vez mais com a participação da população. Que ninguém fique à margem do desenvolvimento, do progresso. Uma cidade inclusiva. Uma cidade sem preconceitos. Uma cidade igualmente democrática.

É - Outra demanda de empresários de Rio Preto é a criação de políticas de incentivo para atração e desenvolvimento do setor produtivo. Como o senhor pretende tornar a cidade mais atrativa para empresas e esses investimentos?
Edinho -
Na medida em que você tem uma cidade que está preparada para crescer mais 150 mil habitantes, com uma infraestrutura – água, esgoto, mobilidade urbana – preparada para isso, nos tornamos atrativos. E a posição geográfica de Rio Preto. Os números já indicam. Rio Preto cresce mais que o estado de São Paulo e o próprio país. Então, temos que continuar nessa linha e focando cada vez mais na questão de uma cidade inteligente, uma cidade com cursos, universidades, terceiro setor, com seu empresariado. É uma somatória de fatores que atraem o empresário. E, depois, procurar colocar isso em congressos, assembleias, auditórios, divulgar a cidade em toda a sua potencialidade. Não é um fator só. Como Rio Preto tem essa característica de ser uma cidade com uma economia diversificada, são muitas as frentes e é preciso muita atividade, muita discussão e foco para que as coisas possam acontecer.

É - Prefeito, o senhor comentou sobre a questão da mobilidade, de uma cidade preparada para o futuro. Como Rio Preto pode evoluir ainda mais pensando em fatores determinantes como sustentabilidade, meio ambiente, mobilidade? Como preparar a cidade para que a população tenha uma melhor qualidade de vida? 
Edinho -
É ter objetividade no desenvolvimento, com ações concretas. Nós somos um dos primeiros municípios do Brasil a aderir aos 17 princípios que norteiam a Organização das Nações Unidas (ONU) nos objetivos de desenvolvimento sustentável. Temos isso como cartilha. Uma das questões é a arborização. Mas não queremos apenas a floresta, queremos também em todo o perímetro urbano. E é preciso, sempre, um processo de conscientização, de educação. A mobilidade também é um aspecto importantíssimo. Estamos concluindo, com a participação do governo federal, a duplicação da BR-153, o que significa 12 novos acessos à cidade, oito novas passarelas para os pedestres. Para o Anel Viário, detectamos 35 pontos que poderiam estar interligados, mas que necessitavam de obras de arte, porque precisávamos transpor rios, ferrovias, regiões que ainda não estavam devidamente abertas. Hoje, já estamos na quarta etapa, 13 dessas áreas já construídas. Portanto, o Anel Viário, juntamente com a BR-153, e as ligações que estamos fazendo nas marginais, vão facilitar cada vez mais o tráfego. Rio Preto é uma das cidades com mais veículos per capita do Brasil. São 405 mil veículos, e nós queremos que a cidade seja cada vez mais respeitosa, humana.

É - Prefeito, falamos muito sobre a economia, mas quais serão suas outras prioridades durante os próximos quatro anos?
Edinho -
Educação é muito importante sempre. Queremos fazer com que nossas crianças fiquem mais tempo nas escolas. E preparamos cada vez mais nossos professores, qualificando para que eles possam ter entusiasmo. Se possível, remunerando melhor nosso corpo docente. Na saúde, queremos investir mais em prevenção, em um trabalho cada vez mais integrado entre a saúde, a assistência social, a educação e o esporte, para que possamos ter uma vida mais saudável e sermos uma cidade amiga de todas as gerações.

É - A questão hídrica em Rio Preto ganhou bastante destaque neste ano por conta do longo período de estiagem, que levou a racionamento em diversos bairros de Rio Preto. O que o senhor pretende fazer para tentar resolver esse problema?
Edinho -
Imediatamente, já colocamos em funcionamento um nono poço profundo que capta água do Aquífero Guarani a mais de mil metros. Já está abastecendo, interligado à região norte e a todo o sistema da cidade. Já estamos com o décimo poço perfurado. São dois poços que vão se somar aos mais de 300 mil metros cúbicos de água por dia. Isso será um fator que vai melhorar ainda mais o sistema e a distribuição. Foi uma seca memorável, que colocou todas as cidades em uma situação de alerta. Mas superamos. A água sempre foi uma questão que nos colocou em uma situação de vanguarda, desde que assumimos lá em 2000. O Semae é uma das autarquias públicas mais premiadas do Brasil e nós temos uma das menores tarifas de água do país. E tratamento de esgoto, como todos sabem, era quase que insignificante, cerca de 3%. Hoje, temos 98%. E como eu disse, tanto a água quanto o esgoto estão preparados para esse crescimento de mais de 150 mil habitantes. Também, nos meus dois primeiros governos, implantamos uma nova estação de distribuição de energia. E agora temos outra sendo construída na região sul. Tudo para que não falte água, não falte luz, não falte esgoto tratado. Somado a tudo isso, mobilidade urbana adequada e segura.

É - Prefeito, olhando novamente para a questão da pandemia, índices recentes demonstram que o Brasil está caminhando por um trajeto perigoso no que diz respeito à Covid-19, com muitos indicando que já estamos iniciando uma segunda onda. O senhor está preparado para tomar decisões drásticas novamente caso seja necessário? E nós estamos preparados para uma segunda onda?
Edinho -
Nós não desmontamos a estrutura. Rio Preto provou que temos estrutura física. Fomos ampliando o número de leitos de UTI e de enfermaria, fomos equipando os profissionais de saúde. Estamos, realmente, aguardando. Se vier essa segunda onda, vamos refletir o momento. Porque é preciso saber quanto temos de incidência. Avaliar. Procuramos fazer o máximo de testagem possível. Rio Preto é uma das cidades que mais testou proporcionalmente. Cada momento é um novo momento e precisa ter análise e solução adequadas. Sempre preservando a vida, que este é o princípio que nós temos adotado. Eu jamais deixei de considerar a pandemia como um fato presente, que não passou, recomendando sempre o que eu faço a todo instante. Usem máscara, lavem as mãos, evitem aglomerações. Vamos continuar pregando isso até que tenhamos a vacina.

Uma campanha atípica
Campanha eleitoral sempre envolveu muito contato, e foi essa interação com a população que mais fez falta para Edinho Araújo durante a última eleição. “Foi totalmente atípica. Uma das coisas que mais tenho prazer é cumprimentar as pessoas, abraçar, olhar nos olhos, ler as pessoas. E isto não foi possível. Fui privado disso. Isso me marcou muito. Ter perdido essa oportunidade de ouvir as pessoas e de ter um contato mais próximo. É algo que vai ficar marcado para mim”, conta. 

Para driblar as limitações, o prefeito apostou na tecnologia e nos meios de comunicação, especialmente digitais, para chegar ao eleitor. A estratégia deu resultado.

“Terminamos a campanha em primeiro turno. Rio Preto, pelo número de eleitores que tem, 332 mil eleitores, 460 mil habitantes, é sempre uma cidade que atrai esse olhar de todo o Brasil. Ter 50% + 1 dos votos é um trabalho que realmente exige afinco e, graças a Deus, à ótima equipe que tivemos e aos eleitores de Rio Preto, nós superamos já no primeiro turno”, celebra.

Confira abaixo, como foi a entrevista:



Fotos: Elton Rodrigues




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