Consumo




Elas fazem a moda


Ousadia e vontade de fazer a diferença, criando peças versáteis, confortáveis e de qualidade. É com esse espírito as empresárias Gizely Sangaleti, Rosmeiri Aparecida de Morais e Ana Hova, trabalham para ditar o mercado da moda de Rio Preto para o Brasil. As três estão à frente de algumas marcas de sucesso na indústria têxtil e ajudam a levar o nome da cidade para os mais diferentes cantos do País.

Pouca gente imagina que uma das maiores referências em moda feminina hoje em Rio Preto começou produzindo apenas roupas masculinas. A Murau passou por algumas transformações ao longo dos anos, como a terceirização de peças para marcas de São Paulo, no início dos anos 2000. Trinta anos depois de sua fundação, a Murau conta com cinco lojas de varejo localizadas em Rio Preto, Campinas e São Paulo, três lojas de atacado (São Paulo, no Bom Retiro, Maringá e Rio Preto) e o outlet Plante Amor, também em Rio Preto.

Gizely ressalta que, depois de ter passado por tantas transições, a essência da marca é ser feminina e moderna. “Começamos a olhar para o mercado feminino e pensar que seria interessante para a empresa. Passamos 12 anos terceirizando o trabalho para marcas femininas e as peças que não eram escolhidas ou que mudavam muito os modelos, mas que eu acreditava, eu fazia para a Murau, até o momento em que focamos na produção própria”, comenta. 

No início, a Murau fazia mais roupas de noite, para festas. Com a abertura das lojas para o varejo, no entanto, Gizely sentiu a necessidade de ter um mix maior de produtos. “Produzimos moda para essa mulher moderna e empreendedora, como eu, minhas filhas, como a gente.” 

A pandemia do novo coronavírus abriu uma nova oportunidade para as indústrias de confecção: alterar a linha de produção e fabricar itens necessários para a área de saúde. “Começamos a fazer insumos hospitalares, máscaras, até hoje, atendendo a Prefeitura de Rio Preto e toda nossa região. Vivemos um momento na empresa que nunca imaginamos e foi isso que manteve a fábrica durante os primeiros quatro meses da pandemia”, conta a diretora da Murau.




A Raizz foi fundada em 2009 a partir de estudos de mercado. Rosmeire, que por 12 anos atuou no setor de varejo vendendo peças multimarcas, resolveu arriscar e mesmo sem experiência em atacado criou sua própria marca. Hoje, a Raizz conta com duas lojas de atacado, uma em São Paulo, no Bom Retiro, e outra em Mirassol, no Fashion Center, além de fábrica em Ibirá e uma loja de varejo, gerando mais de 50 empregos diretos. 

“A Raizz nasceu em um período de crise. Naquela época, para escolher o perfil de público que queríamos atender, fizemos muitas pesquisas. Havia umas três marcas pelas quais eu tinha grande admiração e percebi que havia um buraco naquele mercado. Foi ali que enxergamos uma oportunidade”, diz.

Antes de começar a fabricar, Rosmeire tinha uma sócia em uma loja multimarcas. “Meu conhecimento se resumia à necessidade técnica de um produto. Mas essa experiência trouxe coisas que considero fundamentais, como ter uma identidade visual, olfativa, os cuidados que você precisa ter para atender um público diferenciado. A nossa aceitação foi muito rápida, o que foi uma surpresa para mim.”

No começo, a produção mensal girava em torno de três a quatro mil peças. Com a consolidação da marca, saltou para dez mil. A Raizz contava com 70 funcionários antes da pandemia e precisou se adequar ao novo cenário. “Quem precisou ir pra casa foi, as lideranças permaneceram trabalhando, fotografamos toda a nova coleção, e já entramos com a mudança forte para o on-line.” 

Em outubro, a Ana Hova Brand completa 10 anos. A marca conta com fábrica, showroom e e-commerce. Sua fundadora, Ana Hova, é jornalista de formação, mas resolveu empreender no mercado da moda. “Sempre trabalhei com comunicação, e sempre muito ligada à moda, frequentava desfiles. Mas descobri que gostar de moda é diferente de fazer moda. É o meu segundo filho. Ao longo desses anos, aprendemos e conquistamos muitas coisas”, conta Ana.

A empresa emprega 25 pessoas entre empregos diretos e indiretos. A produção anual gira em torno de 60 mil peças. Com o isolamento social, Ana se atentou a atender as necessidades das mulheres que passam mais tempo em casa. “Antes trabalhávamos muito, mas fazíamos o arroz com feijão. A pandemia veio e acho que todo empresário teve de se reinventar. Foi quando lançamos, por exemplo, nossa coleção Home Wear, de pijamas.”



Transformação digital

Com a pandemia, a transformação digital no setor têxtil ganhou força e veio para ficar: a Murau, por exemplo, fez investimentos em mídias sociais e contratação de profissionais especializados em marketing digital e logística, além de abrir sua loja on-line. As lojas de atacado distribuem hoje para todo o Brasil e, com o e-commerce, a marca está chegando em lugares onde nunca havia estado. 

“Antigamente, você saía em revistas como Caras, Claudia, Vogue, e era tudo. Hoje nós dependemos muito das blogueiras, e as pessoas estão com a informação na palma da mão. Então, realmente, tivemos que buscar uma forma de nos comunicar melhor com esse cliente, além de dar estrutura para o nosso pessoal poder trabalhar, fotografando a nossa coleção e disponibilizando todo o acerto para que eles possam também divulgar e vender”, explica Gisely, da Murau.

“Embora enfrentemos resistência de muitos clientes, pela dificuldade de não poder tocar a peça, nosso e-commerce de atacado foi algo muito legal nesse período. Depois que realizam a primeira compra e veem a qualidade das roupas essa barreira é ultrapassada e você conquista não só essa cliente, como outras que ela indica”, complementa Rosmeiri, da Raizz.

As peças, que no início eram comercializadas apenas por representantes comerciais de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais ou pelo Whatsapp, hoje chegam em todo o Brasil pela loja virtual dentro do site, sendo impulsionadas também pelo trabalho de influenciadoras. 

Antes do lançamento do site da Ana Hova Brand, as vendas pelo aplicativo de mensagens representavam em torno de 20%. “Hoje, o e-commerce está páreo a páreo com as vendas feitas presencialmente e temos meses em que supera. O site começou a funcionar esse ano e a gente acredita muito na força gigante do e-commerce, que não tem mais volta”, diz Ana.

Planos pós-pandemia
A pandemia da Covid-19 mudou a realidade das empresas. A palavra de ordem é adaptação. No entanto, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a indústria têxtil foi uma das que melhor reagiram à crise, pois soube se reinventar rápido e acelerou mudanças estruturais, principalmente em relação à transformação digital e a inovação do mercado.

Com sua história pautada por transformações e adaptações, a Murau alimenta grandes expectativas no pós-pandemia. Entre os próximos projetos está a implantação do e-commerce para o atacado. Também haverá lançamento de uma marca fitness, Sportaholics. “Acreditamos ser uma tendência mundial, as pessoas cada vez cuidam da saúde”, diz Gisely.

A Raizz também precisou se reinventar e fazer correções de rota. Rosmeiri afirma que a lição tirada dessa crise é que, diante do desafio, a vida tem que continuar. “O desafio ainda é grande. Nós precisamos, realmente, aprender a conviver. Encontrar a forma e aceitar esse novo normal. Dentro das regras, com respeito à vida do outro. Mas não podemos parar.” 
Entre os projetos para este ano, a Ana Hova Store quer fortalecer seu brading e já planeja as estratégias para criar conexões com os consumidores. “Ainda tem a questão da insegurança, tudo meio instável. É o período para fixar mais a marca nacionalmente”, revela Ana. 

Fotos: Elton Rodrigues




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