Cultura




Clarin Cia de Dança abre o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto com o espetáculo Fênix - Onde nascem os sonhos


 

Primeiro final de semana do festival é repleto de obras premiadas, ações [per]formativas e marca a volta do Graneleiro, ponto de encontro do FIT

Tendo como ponto de partida a memória e a ancestralidade, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto) dá início à sua edição de 2024 nesta quinta-feira, 18/7, às 20h, no Anfiteatro Nelson Castro, na Represa Municipal. Quem abre o FIT, pela primeira vez, é a premiada Clarin Cia de Dança com o espetáculo Fênix - Onde nascem os sonhos, que conta com integrantes do Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). A entrada é gratuita. Ao longo de dez dias, o festival ocupa diversos locais da cidade com 70 apresentações e mais 24 atividades [per]formativas. São 37 espetáculos na programação, entre produções nacionais vindas de 10 estados brasileiros e de mais quatro países (Bélgica, Colômbia, França e Itália). Além disso, o Graneleiro volta a ocupar as noites no Complexo Swift de Educação e Cultura com mais de 40 atrações. A programação completa está disponível no site: fitriopreto.com.br .

Com 14 dançarinos das comunidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, Fênix - Onde nascem os sonhos é o espetáculo vencedor do Prêmio APCA 2023 de melhor direção musical e transmite a esperança de corpos periféricos em busca da felicidade. Segundo Kelson Barros, que assina a direção geral e artística, Fênix materializa a tentativa da Clarin em conceber uma obra periférica que tratasse apenas do tema felicidade. Isso se configurou em um grande desafio para um coletivo de dança, que sempre tratou de questões urgentes da sociedade brasileira em suas montagens, sobretudo aquelas que afetam as pessoas da periferia.

O resultado é um espetáculo audacioso, que trabalha com o inesperado de signos periféricos numa ligação de tempo, observando a mistura de toques africanos que passeiam entre o acústico e o sampler, apresentando as mudanças das batidas e o crescimento dos BPM, em um olhar que vai do passado ao presente, que vive em constante mudança.
 

Curadoria da MEM{ÓRÌ}A
Intitulada “Curando a MEM{ÓRÌ}A”, a curadoria do FIT Rio Preto 2024 é assinada pelo mestre em Educação, pós-graduado em Estudos Brasileiros e graduado em Ciências Sociais, Diego Ferreira Valladares Soares; pela artista, pesquisadora, produtora e gestora cultural Monique Cardoso e pela atriz, cantora, diretora e compositora, Naruna Costa. O festival de 2024 foca na celebração dos 80 anos de fundação do Teatro Experimental Negro (TEN), criado por Abdias do Nascimento (1914-2011) - um teatro de resistência, de grupo, de formação e de memória.

O que vem por aí
Em 2024, o FIT Rio Preto ocupa novos espaços de São José do Rio Preto e busca ampliar a democratização do acesso à cultura na cidade. São cerca de 20 locais de apresentação e entre as novidades estão bairros como São Deocleciano, Lealdade e Amizade, Eldorado, Vila Imperial, Jardim Estrela e Jardim Paulista, além da Cooperlagos e do Instituto Federal.

O primeiro final de semana de evento fica marcado por 21 apresentações de 14 espetáculos: Bom dia, eternidade (O Bonde - São Paulo/SP), Banho de Sol (Zula Cia de Teatro - Belo Horizonte/MG), Meu corpo está aqui (Fábrica de Eventos - Rio de Janeiro/RJ), Pérsia (Grupo Sobrevento - São Paulo/SP), Frankinh@ - Uma história em pedacinhos (Projeto Gompa - Porto Alegre/RS), Naquele Bairro Encantado - Ensaio para uma serenata (Teatro Público - Belo Horizonte/MG), Tchau, amor (Inquieta Cia - Fortaleza/CE), Dois Cafés por uma Memória (Geovanna Leite - São José do Rio Preto/SP), O ventre do traviarcado (Gaia do Brasil - São José do Rio Preto/SP), Azira'i (Sarau Agência e Zahy Tentehar - Rio de Janeiro/RJ), Maria Auxiliadora (Cia d'Os Inventivos - São Paulo/SP), Memórias de Machadinho (Cia Bardos de Teatro - São José do Rio Preto/SP), Parahyba Rio Mulher (João Pessoa/PB) e Os Quatro Cantos de Elpídio (Cia Navega Jangada - Santo André/SP). 

Questões como combate ao racismo, reflexões críticas, dor, desejo, esperança, afeto e muitas outras são tratadas em cada um dos espetáculos. Dentre as pautas urgentes abordadas no FIT, o curta-metragem O ventre do traviarcado (Gaia do Brasil - São José do Rio Preto/SP) resgata histórias da comunidade trans e travesti entre os anos 1970 e 1990, sob o olhar de um grupo de artistas também trans e travestis, dirigido por Maria Clara Ferré dos Santos, e tem duas exibições gratuitas: dia 21/7, às 21h, na sala de múltiplo uso do Sesc, e dia 26, a partir das 23h, no Graneleiro.

O espetáculo Meu corpo está aqui, da Fábrica de Eventos, foi contemplado pelo Prêmio Especial APTR 2024, é vencedor do  Prêmio FITA (Elenco Revelação) e foi indicado ao Prêmio Shell, e propõe uma reflexão coletiva sobre o direito à visibilidade de pessoas com deficiência que ultrapasse as limitações e que considere a sexualidade e os afetos. O espetáculo, idealizado, escrito e dirigido por Julia Spadaccini, terá duas apresentações no festival: dia 19 de julho, às 19h, e 20 de julho, às 15h, no teatro do Sesc.

Outras obras que se destacam entre os dias 19 e 21 de julho no FIT são Pérsia, indicada ao Prêmio Shell de Teatro de 2022, Frankinh@ - Uma história em pedacinhos, vencedora do Prêmio Sesc de Artes Cênicas, Azira’i, contemplada pelo Prêmio Shell de Teatro de 2023 nas categorias Atriz e Iluminação, e Maria Auxiliadora, da premiada Cia d’Os Inventivos.

Das atrações internacionais ao longo da semana, que são todas inéditas no Brasil e de diferentes vertentes teatrais, Ayni - Trilogía de los días sin tiempo, da colombiana Fundación Cultural Ojo de Agua, e R.OSA – 10 exercises for new virtuosities, da companhia italiana Silvia Gribaudi Performing Arts, são apresentadas nos dias 23 e 24 de julho; já o espetáculo belga Reclaim, do Théâtre d’Un Jour, e a peça francesa Les Héroïdes, da Cie BrutaFlor, tomam os palcos nos dias 26 e 27.

Ações [per]formativas
Na edição de 55 anos do FIT Rio Preto, as tradicionais ações formativas ganharam caráter e denominação performática por articular escutas, saberes e memórias em movimento. A grade inclui 24 atividades divididas em seis eixos e direcionadas a todo tipo de público.

A partir das Ações [per]formativas, a programação do FIT Rio Preto 2024 amplia o debate e o acesso de artistas e público em geral a figuras relevantes para a concepção de curadoria do festival. Passeando pelos espaços que o evento ocupa na cidade durante o período de sua realização, as ações serão feitas em ambientes do Sesi e Sesc Rio Preto, na Casa de Cultura Dinorath do Valle, nos teatros e, inclusive, no Graneleiro. 

Após a abertura do festival no Anfiteatro Nelson Castro, a Clarin Cia de Dança continua a embalar o público no Graneleiro a partir das 23h com a oficina Passinho Phoda, misturando movimentos de diversos estilos, como break, frevo, samba, capoeira e dança afro ao ritmo do funk carioca.

Em mais oito ações de 19 a 21 de julho, o público pode experienciar atividades de partilha (Danças que engolfam, palavras, tempo e espaço, com Cássia Navas, e Fotografia da cena, de Lenise Pinheiro), pensamento espiralar (CURADORIA DA MEM[ÓRÌ]A, com Diego Valladares, Monique Cardoso e Naruna Costa), papo público (Frankinh@ - Uma história em pedacinhos, com o Projeto Gompa, e Memórias de Machadinho, com a Cia Bardos de Teatro) e encontro (Teatro e Memória: O teatro frente ao desafio de descolonização da memória no mundo contemporâneo, com Helena Vieira, e Memórias Originárias, de Eliane Potiguara).

A volta do Graneleiro
Ponto de encontro do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, o Graneleiro retorna à programação do evento reunindo 41 atrações, em sua maioria da cena local, ao longo de 10 noites, entre os dias 18 e 27 de julho, no Complexo Swift de Educação e Cultura.

Além do espetáculo Fênix - Onde nascem os sonhos, que convida o público para dançar em um verdadeiro baile black carioca, a instalação audiovisual interativa Instantes, de Elissa Pomponio, traz a poesia de três mulheres rio-pretenses e suas perspectivas sobre o tempo, a memória e a realidade. Em seguida, o DJ Ricka agita a noite por meio da música e da dança em um repertório que vai do hip hop ao funk, ao passo em que a Família UniVersos se apresenta em um show que revisita a carreira do coletivo rio-pretense, que já estabeleceu parcerias com nomes como Edi Rock (Racionais MC's), Renan Inquérito, Preto Aplick (Consciência Humana), P.MC (Gigaboo) e Biorki.

A Estação do Choro finaliza a primeira noite do Graneleiro com um show instrumental que traz melodias eternizadas na música popular brasileira por nomes consagrados como Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Noel Rosa, entre outros.

Para completar o primeiro final de semana do FIT, a festa no Graneleiro continua com o DJ ZEH, o Grupo Mono, Rodrigo Mancusi, DJ Simoníssima, Vinícius Dall’Acqua, DJ Luizy Lebrusky, Magia Negra, DJ Lu Pequim, BalanSoul Brasil, Gaia do Brasil, Vina Jaguatirica e Harmonikus.

Neste ano, a programação do Graneleiro destaca a cena criativa da cidade, com a participação de nomes da música, do audiovisual, da literatura e da performance. Tudo isso para criar um ambiente de convivência e compartilhamento após as apresentações de cada dia do FIT Rio Preto 2024.

Além das atrações, neste ano o Graneleiro recebe a Feira de Artesanato, reunindo artesãs e artesãos de Rio Preto.

O espaço também faz uma homenagem ao fotógrafo rio-pretense, Jorge Etecheber, falecido neste ano, e que é um dos responsáveis pelo registro da memória do festival.

Confira a programação completa do FIT Rio Preto no site: fitriopreto.com.br 

Foto: divulgação / Sergio Fernandes




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